As hemorroidas são uma condição comum, mas muitas vezes negligenciada, especialmente entre pessoas da terceira idade. Trata-se de uma doença que pode impactar significativamente a qualidade de vida, causando dor, incômodo e constrangimento. Apesar disso, o tema ainda é cercado de tabus, o que atrasa o diagnóstico e o início do tratamento.
Neste artigo, vamos explicar o que são as hemorroidas, suas causas, os fatores de risco mais comuns na terceira idade, os sintomas mais comuns da doença hemorroidária, e quais são os tratamentos mais eficazes — desde cuidados caseiros até intervenções cirúrgicas.

O que são hemorroidas?
As hemorroidas são dilatações das veias localizadas na região anal e no reto inferior, semelhantes às varizes que aparecem nas pernas. Essas veias, quando aumentam de tamanho ou inflamam, podem causar desconforto, sangramento, coceira e dor.
Existem dois tipos principais:
- Hemorroidas internas: localizadas dentro do reto, geralmente indolores, mas que podem sangrar durante a evacuação.
- Hemorroidas externas: situadas ao redor do ânus, podem causar dor intensa, inchaço e até formação de trombos (coágulos).
Por que as hemorroidas são mais frequentes na terceira idade?
O avanço da idade está diretamente relacionado ao aumento da incidência de hemorroidas. Isso ocorre por diversos fatores que se tornam mais frequentes com o passar dos anos:
- Enfraquecimento dos tecidos de suporte: com o envelhecimento, os tecidos que sustentam as veias anais tornam-se mais frágeis, facilitando o surgimento das hemorroidas.
- Diminuição da motilidade intestinal: a constipação crônica é comum entre idosos, o que gera esforço excessivo ao evacuar — um dos principais gatilhos para a doença hemorroidária.
- Uso prolongado de medicamentos: alguns remédios utilizados na terceira idade podem ressecar as fezes ou prejudicar o funcionamento intestinal.
- Sedentarismo: a falta de atividade física contribui para a lentidão do trânsito intestinal.
- Alimentação pobre em fibras: muitas vezes, a dieta do idoso não é rica em fibras, o que agrava a constipação.
- Desidratação: idosos tendem a ingerir menos líquidos, favorecendo fezes mais secas e endurecidas.
Quais são os sintomas mais comuns?
Os sintomas mais comuns da doença hemorroidária incluem:
- Sangramento durante a evacuação: geralmente é notado no papel higiênico ou no vaso sanitário.
- Dor ou ardência ao evacuar: mais comum nas hemorroidas externas ou quando há trombose hemorroidária.
- Coceira anal: causada pela irritação da pele ao redor do ânus.
- Sensação de evacuação incompleta: algumas hemorroidas internas podem causar sensação de pressão ou de que algo está “preso” no reto.
- Inchaço ou nódulo próximo ao ânus: sinal de hemorroida externa inflamada ou com trombo.
É fundamental destacar que qualquer sangramento anal deve ser investigado por um médico, pois também pode indicar outras doenças mais graves, como fissuras anais, pólipos ou até câncer colorretal.
Como tratar hemorroidas em idosos?
O tratamento das hemorroidas em idosos depende da gravidade do quadro e do impacto na qualidade de vida do paciente. Em muitos casos, medidas simples e mudanças no estilo de vida são suficientes para aliviar os sintomas e evitar novas crises.
1. Tratamento clínico (não cirúrgico)
- Mudança na alimentação: aumentar o consumo de fibras (frutas, legumes, grãos integrais) e líquidos é essencial.
- Evitar esforço ao evacuar: jamais “forçar” o intestino; o ideal é manter um hábito intestinal regular.
- Banhos de assento: ajudam a aliviar a dor e reduzir a inflamação.
- Pomadas e medicamentos tópicos: com efeito anti-inflamatório ou anestésico, ajudam a controlar sintomas agudos.
- Laxantes suaves ou fibras solúveis: usados com orientação médica, podem ser úteis para facilitar as evacuações.
2. Tratamentos minimamente invasivos
Quando os sintomas persistem apesar do tratamento clínico, existem técnicas ambulatoriais que podem ser aplicadas sem necessidade de internação, como:
- Ligadura elástica: aplicação de um anel de borracha que corta o suprimento sanguíneo da hemorroida, levando à sua queda.
- Escleroterapia: injeção de uma substância esclerosante que reduz o tamanho da hemorroida.
- Fotocoagulação infravermelha: uso de luz infravermelha para coagular vasos e diminuir o fluxo sanguíneo.
Esses procedimentos são geralmente bem tolerados por idosos e podem ser feitos em consultório.
3. Tratamento cirúrgico
A cirurgia é indicada em casos mais graves ou quando os outros métodos falham. As técnicas mais comuns incluem:
- Hemorroidectomia tradicional: remoção completa das hemorroidas, com recuperação mais demorada.
- Técnicas modernas (como a PPH ou THD): causam menos dor e têm recuperação mais rápida, sendo preferidas para pacientes idosos quando possível.
É importante que a escolha do tratamento cirúrgico leve em consideração o estado de saúde geral do idoso, com avaliação prévia dos riscos e benefícios.
Como prevenir novas crises?
A prevenção é a melhor aliada, especialmente na terceira idade. Veja algumas dicas:
- Mantenha uma alimentação rica em fibras e beba bastante água.
- Evite permanecer muito tempo sentado ou em pé.
- Caminhe diariamente ou pratique atividades físicas leves.
- Respeite o ritmo do intestino e evite o uso crônico de laxantes.
- Realize check-ups regulares com um coloproctologista.
Conclusão
Embora as hemorroidas sejam comuns na terceira idade, elas não precisam ser um fardo inevitável. Com informação, prevenção e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida.
Se você ou algum familiar está enfrentando sinais como dor, sangramento ou desconforto ao evacuar, não hesite em buscar ajuda médica. Um especialista poderá indicar o melhor caminho para o diagnóstico e tratamento adequado. Cuidar da saúde intestinal é essencial para envelhecer com dignidade, autonomia e bem-estar.